quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Um homem pensava que era um bom pai ...

Era quarta-feira, 8 da manhã, cheguei pontualmente à escola do meu filho.
— «Não se esqueçam de vir à reunião, é obrigatória», foi o que a professora escreveu no caderno da criança.
O que é que a professora pensa? Que dispomos do tempo e da hora que ela diga?
Se soubesse como era importante a reunião que eu tinha às 8:30 e que dela dependia um bom negócio... Tive de adiar a reunião.
Lá estávamos todos, pais e mães. A professora começou pontualmente, agradeceu nossa presença e começou a falar. Não lembro o que ela disse, eu estava pensando em como resolver aquele negócio. Provavelmente poderíamos comprar um apartamento com o dinheiro que ia receber.
— «João Rodrigues», ouvi ao longe, «O pai de João Rodrigues não está?», a professora falou.
— «Sim, sim, estou aqui», respondi ao receber o boletim do meu filho.
Voltei para a minha cadeira e comecei a olhá-lo.
— «Eu vim para isto? O que é isto?», o boletim estava cheio de seis e setes.
Guardei o boletim imediatamente, escondendo-o para que ninguém visse as porcarias de qualificações do meu filho.
Voltando para casa, minha coragem aumentou, enquanto eu pensava: «Sim, eu lhe dou tudo, nada lhe falta, agora sim ele vai ver». Estacionei e saí do carro; entrei em casa, abri a porta e gritei:
— «Venha já aqui, João!». Ele estava no seu quarto e correu para me abraçar...
— «Papai!»... «Que papai que nada», afastei-o de mim, tirei o cinto, não sei quantas chicotadas lhe dei, ao mesmo tempo em que dizia o que pensava dele. — «E vá para o seu quarto!», terminei.
João foi embora chorando, sua cara estava vermelha e a sua boca tremia. Minha esposa não disse nada, só mexeu a cabeça negativamente e saiu.
Quando fui me deitar, já um pouco mais tranquilo, minha esposa me entregou o boletim do João, que estava no bolso do meu paletó, e disse:
— «Leia devagar e depois tome sua decisão». Dizia assim:


Boletim do papai

Ele tinha colocado seis e sete para mim! Eu teria me qualificado com menos de 5. Levantei e corri até o quarto do meu filho, abracei-o e chorei. Queria voltar no tempo, mas era impossível. João abriu seus olhos, ainda estavam inchados por causa das lágrimas, sorriu, abraçou-me e disse:
-«Eu amo você, papai!» Fechou os olhos e dormiu.
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