A Triste Sina Dos Filhos Abandonados Dentro Da
Própria Casa
Encontrar filhos abandonados
emocionalmente pelas famílias é uma dura realidade. Hoje, vivemos um tempo
de grande transformação nos relacionamentos sociais. Em pouco tempo, evoluímos
enormemente nas possibilidades de comunicação pessoal a distância. Eu, por
exemplo, peguei a época em que só existia telefone fixo (com fio) e “orelhões”
de rua (sem celular ou internet),
e a comunicação escrita era feita por carta.
Na minha adolescência, passei muitas horas (todos os dias!) brincando e
conversando na rua com os amigos, e em casa com a família. Quando alguém estava
presencialmente com outra pessoa, havia muito pouca distração. Tínhamos de
investir no relacionamento “ao vivo”, demonstrar sentimentos, conquistar a
simpatia dos outros. Mas os tempos mudaram e estima-se que o brasileiro passa,
aproximadamente, de três a quatro horas por dia conectado, interagindo via
internet, o que reduz muito sua convivência física com amigos e familiares.
Estamos esquecendo como amar
Fico impressionada quando vejo o
desenvolvimento de formas de demonstrar emoções via internet (desenhos, “se
sentindo…”, carinhas de todos os tipos). As pessoas estão se tornando ótimas no
marketing emocional externo, mas estão esquecendo como amar, como fazer carinho
físico, como olhar nos olhos e dar atenção a quem está perto. Será que isso não
é reflexo da dificuldade de nos abrirmos aos laços emocionais reais e fortes na
nossa intimidade?
Medo de expor traumas e fraquezas
Será que não é medo de expor nossos
traumas e fraquezas? Digo isso, porque, apesar da internet ser um meio real de
conhecimento pessoal e uma forma de diálogo, há um fator limitante que
tendência essa experiência a ser uma ilusão: eu mostro somente o que quero
mostrar. Já no convívio concreto, não tenho tanto o domínio sobre a exposição,
porque meus gestos, minha entonação de voz, a linguagem corporal, a resposta
imediata frente aos estímulos e minhas atitudes reais tornam-me muito mais
vulnerável a ser realmente conhecido de maneira mais completa, inclusive
naquilo que ainda não está bem equilibrado em mim.
Consequências da ausência dos pais
Claro que essa desconexão dos
relacionamentos concretos é um problema. Ele se torna muito mais grave (e com
fortes repercussões) quando a conexão enfraquecida é o laço familiar com uma
criança ou adolescente. A criança nasce completamente dependente da atenção dos
pais. À medida que vai crescendo, vai aprendendo a ter autonomia e tornando-se
mais independente. Porém, a atenção real dos pais é indispensável para o
saudável desenvolvimento emocional dos filhos. Vários estudos mostram que as
consequências da ausência dos pais são graves e podem causar agressividade,
tristeza, desenvolvimento de tiques e problemas na escola.
Presentes e ausentes ao mesmo tempo
A questão que quero levantar é que,
hoje, muitos pais estão presentes e ausentes ao mesmo tempo. Em corpo estão
ali, mas envolvidos com outras coisas. A criança se sente ignorada
emocionalmente. Celular, Ipad, notebook, TV… Corpo presente, mente e atenção em
outro lugar, com outro foco. Essa falta de atenção gera o sentimento de não ser
importante, de não ser amado, de não ser suficiente para atrair a mãe e pai. Os
filhos precisam sentir que há envolvimento dos pais, que eles sentem prazer em
estar em sua companhia, que estão se divertindo ao brincar com eles. O contato
físico e o carinho representam estabilidade e segurança para que eles aprendam
o que é um relacionamento afetivo.
Degraus do amadurecimento humano
Sei que a vida é corrida, por isso
mesmo é preciso que o tempo designado para estar com os filhos seja de grande
qualidade. São preferíveis trinta minutos de exclusividade do que mais tempo ao
lado deles, porém fazendo uso das redes sociais. Um dos grandes degraus do
amadurecimento humano é aprender a dar importância ao que é importante. Sei que
seus filhos e sua família são importantes para você; então, simplesmente esteja
ali, de verdade, por inteiro onde estiver. O amor de Deus age por meio de nós,
para nos ensinar novas formas de demonstrar o que nós sempre sentimos, o amor
que temos aos que nos são preciosos. Você vai se surpreender com a resposta dos
seus filhos ao se conectarem com você de verdade.
“Tudo o que o inferno representa está
contido na palavra ‘abandono'”. Clara Dawn
Fonte- Psicologia Brasil
Texto de -Roberta Castro
Psicologia Brasil
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